5/11/2015

Literatura de Cataguases - Cataguases 1950/60 - MANUEL DAS NEVES




Manuel das Neves Peixoto nasceu em Cataguases em 31.07.1914. Aos 7 anos mudou-se para Juíz de Fora onde completou o ginásio. Formou-se em direito em Belo Horizonte na UFMG em 1935. Logo foi nomeado promotor em Estrela do Sul, residindo ali por um longo tempo. Posteriormente mudou-se para o estado de Goiás, advogando em Inhumas por 3 anos, lecionou na Faculdade de Direito do estado.
No começo da década de 40, por um chamado de Francisco Inácio, voltou a Cataguases para participar do projeto de um colégio que iria substituir o velho Ginásio de Cataguases. Assim, em 1943 foi nomeado o primeiro diretor do Colégio de Cataguases e também professor de História. Lecionou na FIC na década de 70.
Teve atuação notável como advogado de presos políticos após a ditadura de 1964, conseguindo a libertação de todos os acusados.
Deixou um livro de crônicas intitulado Reta da Saudade, editado em 1981 pela então secretária de cultura Celeste Quirino.
Como grande cronista, escreveu nas décadas de 1950 e 60 no jornal Cataguases. Suas magníficas crônicas foram reeditadas no livro O admirável mundo de Manuel das Neves, organizado por Aquiles Branco em 2011.
Era casado com dona Yone Maria Fonseca das Neves Peixoto, com quem teve 3 filhos: Manuel, Gustavo e Inácio.
Morreu em Cataguases em 11.07.1999.


Manuel com sua esposa d. Yone e os filhos Manuel, Gustavo e Inácio.
















A CHUVA - crônica de Manuel das Neves

A chuva cai macia e encharca devagar a rua. As águas escorrem pelos telhados, nas sarjetas, dentro da gente. Agora a chuva amainou um pouco. Das marquises escorregam alguns pingos.
Duas andorinhas mergulham juntas no espaço cinzento e brincam de amar. Giram sempre juntas e vão e vêm. Estão fazendo ballet as andorinhas.
As pessoas passam apressadamente. Alguns, todavia, caminham indiferentes e vagarosos. Todos estão solitários por causa da chuva.
Todos, não. Há duas jovens andorinhas, andorinhas da terra, que estão debaixo de uma marquise, de mãos juntas, que se olham, se amam e soltam doces arrulhos.
Um senhor circunspecto veio descendo a rua segurando seu guarda-chuva.
As andorinhas da terra voaram, isoladas. Agora, só as andorinhas do céu mergulham no espaço cinzento, sempre juntas e livres. As andorinhas do céu não se preocupam com o senhor circunspecto que desce a rua segurando o seu guarda-chuva.

Cataguases, 19 de abril de 1959




Dona Yone autografa o livro "O admirável mundo de Manuel das Neves".


A capa do livro criada por Natália Tinoco.


A família Manuel das Neves.





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