11/12/2016

CENTENÁRIO DO POETA ASCANIO LOPES 1906-2006


Registro das comemorações realizadas no ano de 2006, em Cataguases MG, por ocasião do Centenário do poeta Ascanio Lopes, com organização do Departamento de Letras da FIC em conjunto com a Prefeitura Municipal de Cataguases e o Instituto Francisca de Souza Peixoto. Houve um sarau com poemas de Ascanio, lançamento dos livros Verdes vozes modernistas e Ascanio Lopes no fio da navalha, discursos, música.



COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DO POETA ASCÂNIO LOPES - 2006

1. Abertura geral - Flávia Massena.
2. Palavra do Prefeito
3. Palavra do Secretário de Cultura e Turismo
4. Flávia apresenta o Sarau do grupo da FIC
5. Carol apresenta a teatralização do sarau sobre Ascânio Lopes
6. Encenação do sarau “Ascânio Lopes no fio da navalha”
7. Carol apresenta as músicas de Giovani e Edjaine
8. As músicas, por Giovani e Edjaine
9. Flávia dá início ao lançamento com os autógrafos e o coquetel
10. O lançamento

APRESENTAÇÃO DO SARAU - 11 de maio de 1906 - dia em que nasceu o poeta Ascânio Lopes.
Hoje, 11 de maio de 2006 - dia em que comemoramos os 100 anos de um jovem que morreu aos 22 anos e se tornou o maior poeta de Cataguases.
Portanto é uma honra para todos nós saudar esse dia em que uma luz maior se fez em nossa cidade e se projetou logo intensamente.

O sarau que vamos apresentar agora é um recorte de poemas de Ascânio Lopes, colocados numa sequência temática, em que foram agrupados os trabalhos. Este grupo de alunos do 5º Período de Letras pertence às Faculdades Integradas de Cataguases, a cujos diretores agradecemos o empenho para esta apresentação. As músicas de ligação foram selecionadas e montadas por Sonia Regina Tinoco. Design gráfico: Natália Tinoco. Concepção e direção: professor Joaquim Branco. Como convidada especial tivemos a presença ilustre da sobrinha do poeta Regina Quatorzevoltas.

Promoção do evento: Prefeitura Municipal de Cataguases.
Organização: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, com a colaboração da Secretaria de Infra-Estrutura e Secretaria de Educação.
Local das comemorações: Centro Cultural Eva Nil.
Data e horário: 11 de maio de 2006, a partir de 20 horas.
Agradecimentos: Departamento de Letras das Faculdades Integradas de Cataguases FIC e Instituto Francisca de Souza Peixoto.

Sequência dos eventos:

- Encenação do sarau “Ascânio Lopes no fio da navalha”, por alunos do Curso de Letras das Faculdades Integradas de Cataguases - FIC.
- Apresentação de músicas com letras de Ascânio Lopes e composição musical de Giovani, na voz de Edjaine, alunos da FIC.
- Exposição de cartazes com a história do Movimento Verde.
- Coquetel de lançamento do livro Ascânio Lopes no fio da navalha, de Joaquim Branco.






Capa e contracapa de Natália Tinoco a partir de desenhos de Zeluca e de Slotti.







Discurso do prefeito Tarcísio Henriques:

O Centenário de Ascânio Lopes

“A luz do lampião ficou fraca e havia muito mais sombras pelas paredes e dentro de nós uma sombra infinitamente maior”(“Serão de menino pobre”)

Nunca ficou suficientemente esclarecido como é que se juntou um dia um grupo de rapazes de 18 e 20 anos com uma ideia de reformular a literatura, e tendo uma repercussão tão grande que conquistou o apoio de São Paulo, alcançou o Brasil inteiro e até hoje é um ponto de referência de protesto intelectual que obteve foros de revolução, com propostas até agora aproveitadas como base para retomada do nosso renascimento provinciano.
As incipientes forças produtoras ainda estavam ressentidas da Abolição, as estruturas políticas engatinhavam nos primeiros anos republicanos, quando começaram a surgir as primeiras insatisfações sociais, retratadas nas inquietações refletidas na Revolta Tenentista de 22, no manifesto modernista de São Paulo, enquanto o Movimento de Cataguases interpretado por Guilhermino César foi “um movimento, à semelhança do que sucedeu por igual, em outros lugares, na mesma ocasião, prenunciando 30, fomentando inquietações que iriam desembocar num largo estuário literário e político.”
As manifestações artísticas sempre foram formas e meios utilizados pelas elites intelectuais para mostrar os enganos cometidos pelos governantes. Se a elas não apeteciam ser governo, como queria Platão, podem e devem influenciar, chamando a atenção para caminhos melhores. Desde o teatro grego, há mais de dois mil anos, tem sido assim, como no mesmo tom têm sido a poesia, a música, a escultura, a pintura, abrindo os olhos entre abertos, ou mesmo fechados, de muitos homens.
Lembrar Ascânio Lopes, no centenário de seu nascimento, além de evocar seus companheiros e os seus propósitos na Revista Verde, mas também refletir sobre sua vida sofrida de um jovem saído do meio rural, órfão em tenra idade, trazido para a cidade para se criado por parentes longínquos. No Ginásio de Cataguases aproximou-se de um grupo irrequieto, disposto a “mudar o mundo” Poeta, essencialmente poeta, pôs em versos sua amargura, mas também sua esperança, o que o sensibiliza quantos o leram e ainda o lêem. Morreu cedo, ainda sem completar os 23 anos, mas com o pouco que deixou foi comparado a Carlos Drumond de Andrade, que um dia se encontrou com ele, na rua da Bahia e “fiquei gostando dele em quem enxergava uma alma finamente colorida, meiga, séria e encharcada de poesia. Não pretendo entender de almas, julgo porém ter encontrado desde primeiro dia a chave desta, que nunca cheguei a abrir, mas fui um de seus amigos mais certos”.
Lembrar Ascânio é falar de seus companheiros, das ideias jovens que queriam romper com o obscurantismo de então. Foi tão querido pelos companheiros e foi tão sentida sua partida, que, com sua morte, morreu também a veiculação da Revista que circulou apenas mais uma vez, somente para homenagear o poeta que tombara. Sua morte abalou seus companheiros da Revista, e o Dr. Francisco, Rosário Fusco, Guilhermino César, Enrique de Resende, foram unânimes no registro de que a Revista não teve razão de continuar sem Ascânio.
Delson Gonçalves Ferreira e Luiz Rufato, em excelentes trabalhos escreveram livros que merecem ser consultados, lidos e relidos, porque tratam de Ascânio, com proficiência.
Márcia Carrano, minha candidata para o sonho da junção da Secretaria da Cultura com Educação, num determinado momento deixou para nossa reflexão:
“Agora, se quisermos analisar a sua importância para Cataguases, a história fica mais longa e os frutos mais copiosos, pois tudo o que se fez e se tem feito culturalmente aqui é resultado da “Verde” que amadurece e volta a se enverdecer cada nova geração”.
Parabéns a quantos se lembraram desta homenagem, aos quais rendo meus agradecimentos, com um registro especial para Joaquim Branco e para Lourdinha Paixão.
















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